Estudos realizados apontam a necessidade de discutir esta visão, junto com algumas questões: o podcast seria um áudio mais sofisticado? Seria um facilitador de transmissão de conteúdo? Podcast e podcasting são conceitos diferentes ou não?
Em primeiro lugar, é preciso considerar que o podcast deve ser visto dentro de um processo acelerado de desenvolvimento tecnológico, em que o surgimento de novas mídias não anula as já existentes, mas as “remediam”, no conceito proposto por Bolter. Citado por Primo (2001; 02), Bolter diz que a remedição ocorre quando um novo meio toma emprestado características de um anterior, mas indo além da apropriação e gerando um novo impacto para a cultura. Seria essa a situação do podcast em relação ao rádio?
Diante dessas idéias, é importante estabelecer relações entre rádio e o podcast, pontuando diferenças.
Produção do Programa
Quanto à produção dos programas, o rádio conta com uma limitação quanto às distâncias a serem vencidas entre emissor e receptor. No caso do podcast, podem-se transcender maiores distâncias entre locutor e ouvinte, pois seus programas podem ser acessados de qualquer parte do mundo, bastando o usuário ter acesso à internet ou fazer uma assinatura para seu uso. Assim, recebe seus episódios automaticamente tão logo forem disponibilizados na web, através do sistema RSS , a partir de um software agregador; entre eles temos o itunes.
Desta forma, podemos considerar que o podcast acaba anulando as distâncias até então difíceis de serem superadas, sobrepujando a limitação do alcance auditivo que o rádio tradicional nos impõe.
Público-Alvo
Com relação ao público que ambas as tecnologias atingem, também acaba havendo uma diferença. Significa dizer que a programação disponibilizada pelo rádio é feita para atender a grande massa, possibilitando uma comunicação dirigida e definida no tempo e espaço, ou seja, a comunicação ocorre de forma particular entre ouvinte e locutor no tempo previsto da programação, já estabelecida pela emissora. Esta característica do rádio torna-o, segundo Primo (2005; p.12), “uma tecnologia 'push’, pelo fato de o conteúdo ser empurrado para a audiência”.
A programação do podcast, por sua vez, atinge um público reduzido, mas interconectado continuamente através da web, pois esta tecnologia permite que seus usuários troquem idéias, emitam opiniões acerca do assunto abordado a partir dos fóruns de discussão disponíveis nos episódios. Assim, apesar de seus usuários estarem restritos apenas aos programas que possuem acesso à internet, eles acabam comunicando-se entre si e difundindo os programas de podcast para toda a rede via web, atingindo todo o mundo que está conectado à rede.
Recepção
Quanto à recepção, o rádio possibilita a escuta linear de sua programação, com acesso pré-determinado a um conteúdo e horário já estabelecido pela emissora. Desta forma, o ouvinte está sempre sujeito à programação fixada pela rádio, significa que somente tem a possibilidade de escutar os programas disponíveis, sem poder escolher o horário mais conveniente para ouvir o seu favorito. Esta escuta linear a que nos referimos não dá ao ouvinte a possibilidade de alterar o fluxo do programa, cabendo-lhe a audiência receptora de um programa pré-elaborado (esse dado reforça a conceituação de uma tecnologia “push”).
No podcast, devido à sua disponibilização na Internet, o acesso à programação dá-se de forma não vinculada à produção da mesma, como já explicado acima, pois o podcaster grava seus episódios, edita-os e, posteriormente a este processo de produção, disponibiliza os programas na web para serem ouvidos, de acordo com a escolha de seus usuários. Assim, o podcast não possui uma sincronia entre produção, publicação e escuta. Contudo, esta dessincronia não se torna um problema, pois acaba gerando diferentes formas de recepção, ou seja, os usuários dos podcasts podem acessá-los em uma escuta linear da programação oferecida ou construir novas unidades, a partir de episódios escolhidos e recombinados. Essa possibilidade de “puxar” conteúdos caracteriza, segundo Primo (2005; p. 12), uma tecnologia “pull”. Com efeito, de acordo com esse autor, poderíamos considerar o podcast uma tecnologia híbrida (“push” e “pull” ao mesmo tempo).
A comunicação que essa ferramenta proporciona varia de acordo com a programação desenvolvida pelo podcaster, pois, além de o usuário escolher o episódio que deseja acessar, ainda pode interrompê-lo sempre que achar necessário e voltar a ouvi-lo quando quiser. Estima-se que o usuário utilize cerca de três horas de seu tempo para ouvir um ou mais podcasts por semana, e a grande maioria dos ouvintes procura tecer comentários sobre o assunto discutido no episódio escolhido.
Os sites nos quais os podcasts estão hospedados possibilitam fóruns de discussão, onde os usuários trocam idéias, debatem sobre o assunto abordado nos episódios, podendo ainda interferir na construção de um próximo episódio por meio de sugestões a partir das conversas que ocorrem nos fóruns.
Com relação à interatividade proporcionada a partir do uso do podcast, temos ainda a possibilidade de navegar na web através de links que ficam junto com os episódios. Por exemplo, um podcast sobre moda, referente ao lançamento da coleção primavera/verão, disponibiliza um link que leva o usuário para o site do SPFW - São Paulo Fashion Week. Desta forma, enquanto o ouvinte escuta o podcast, navega pelo site disponibilizado para obter mais informações acerca do assunto abordado.
A partir de suas possibilidades, o podcast, segundo Primo (2005; p. 15): “Extrapola a simples escuta, oferecendo imagens, além de capítulos e links para navegação no interior do programa na web. Quebra-se, assim, a linearidade da escuta e oferecem-se recursos hipertextuais e multimídia”.
Contrário à posição de que o podcast é rádio via internet, Medeiros (set/06), em seu artigo “Podcasting: Um Antípoda Radiofônico”, busca comprovar a disparidade de conceituação existente entre podcasting e rádio, colocando os dois conceitos em lados totalmente opostos para que não haja dúvidas quanto à sua antagonia. Isto ocorre devido a diferentes fatores, segundo o autor. Tais fatores são: (1) a forma de transmissão da programação, que no rádio é em fluxo e no podcasting é por demanda; (2) o desenvolvimento da programação que, no rádio segue uma linha de conteúdo previamente pensado, enquanto o podcasting realiza seus episódios de acordo com a sugestão de seus usuários; (3) também temos o modo de produção, que no podcasting é descentralizado e no rádio é centralizado, em geral vinculado a instituições.
Diante do que foi exposto, entendemos que o podcast não pode ser visto como apenas uma ferramenta de áudio, nem similar, nem oposta ao rádio, devendo ser considerado como uma mídia alternativa em si mesma.
Neste sentido, deve ser levado em conta neste trabalho, não só a ferramenta em si mesma, mas também o processo que a origina quanto o que ela própria desencadeia. Ao processo todo, nomearemos podcasting. Como assinala Primo (2005; p. 07), não podemos separar o processo de construção, recepção e interação desencadeadas:
Enfim não basta tratar da simples emissão. Os fenômenos de blogs e podcastings precisam ser observados para além da facilidade e da satisfação egóica de publicação. É preciso estudar a relação complexa das condições de recepção. E, além disso, investigar como esses atores interagem entre si e com a tecnologia que permite a virtualização do tempo e do espaço, que outrora imporia barreiras para tal intercâmbio.
19 de maio de 2009
PODCAST: É OU NÃO UM RÁDIO VIA INTERNET?
Postado por Carolina Franco às 11:32 AM 0 comentários
Descobrindo o podcast
- Caracterização
O podcast é uma programação de áudio, com diferentes tipos de registros (entrevista, palestra, exposição, aula) sobre os mais variados assuntos, disponibilizada na rede. Baixados da Internet por meio de download, através de um agregador no próprio site ou a partir de um cadastro do usuário, seus vários áudios podem ser ouvidos nos diversos aparelhos compatíveis aos de formato MP3. Suas principais vantagens são: gratuidade, facilidade de uso, portabilidade, disponibilidade e acessibilidade.
A palavra podcast é relativamente nova. Surgiu em 2004, quando foi divulgada, a 12/02/2004, pelo jornal britânico “The Guardian”, em um artigo sobre a facilidade de o usuário produzir seus próprios programas de rádio, utilizando um Ipod, um software de áudio e um blog para publicação desses programas. Segundo alguns podcasters[1], o vocábulo originou-se das palavras Broadcasting (radiodifusão) com Ipod (aparelho portátil que reproduz sons em MP3)[2] e tal tecnologia pode ser considerada uma evolução natural dos blogs[3] que, posteriormente, deram origem aos audioblogs. Se antes escreviam seus pensamentos, os blogueiros passaram a gravá-los e publicá-los através de arquivos em áudios. Foi Adam Curry[4], com suas modificações referentes aos formatos dos áudios, que alterou o processo de publicação dos audioblogs. Trata-se do primeiro passo para a criação do podcast, uma vez que os arquivos de áudio só eram ouvidos, anteriormente, no interior do blog.
- Condições de Produção
Pelo fato de o podcast ter seus episódios produzidos de forma descentralizada, ou seja, em tempos diferentes de produção e publicação, ele apresenta uma característica específica e diferenciada dos outros meios de comunicação tecnológico, como a rádio web.
- Condições de Recepção
Nesse sentido, é viável considerar que existe uma dessincronia entre produção, transmissão, publicação e escuta no uso do podcast, entendido aqui como arquivo sonoro, método de distribuição de conteúdo digital pela Internet. Com o podcast, o usuário tem, ainda, a possibilidade de “navegar em áudio”, devido ao acesso a diferentes links, selecionados na formulação dos programas. Além disso, possibilita formas de interação entre usuário e podcaster, usuários entre si e usuários e web, por meio de fóruns de discussão e chat´s disponíveis no site em que cada programa é hospedado; em geral, acabam estando vinculados a um blog.
O fato de o podcast ser utilizado como programa de áudio disponível através da Internet, usado preferencialmente para escutas de música e divulgação jornalística, tem criado, no senso comum, a idéia de que é um rádio via internet.
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[1]Nome dado ao(s) produtor (es) do podcast
[2]Criado pela empresa Apple, não foi o primeiro aparelho deste molde, mas tornou-se o mais conhecido entre os adeptos desta tecnologia.
[3]Blog: página da internet que possibilita pessoas tornarem-se comentaristas sociais, podendo considerar que esses blogueiros (usuários de blog) sejam uma espécie de jornalista, podendo comunicar seus pensamentos através da web.
[4]VJ da MTV nos anos 80.[5]Audiocity, wavepad, sounford, vegas, são alguns tipos de software
[6]Agregador ou Podcatcher: software utilizado para assinar e gerenciar assinaturas de podcast.[7]O termo Feed vem do verbo em inglês “alimentar”. Importa em que o usuário interessado em um determinado site fará uma assinatura do mesmo e receberá automaticamente os áudios do podcast, sem que seja necessário visitar o site assinado.
[8]Ipod: refere-se a uma série de players de áudio digitais projetados e vendidos pela Apple Computer.Postado por Carolina Franco às 11:19 AM 1 comentários
O Blog e a criação de novas metodologias educacionais.
Olá a todos...
Vamos saber um pouco mais sobre a experiência com blogs na educação, relatado porUbiratan Carlos Machado, professor e empreendedor do setor de Mídias Sociais e Redes Digitais.
Para saber um pouco mais sobre o professor Ubiratan acessem seu blog vale a pena!
http://ubiratangeo.blogspot.
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Postado por Carolina Franco às 10:29 AM 0 comentários
Relato de Experiência
Que tal conhecermos um relato sobre o uso de mídias na educação?
Para isso convidamos a professora Fátima Franco, que nos relatou um pouco sobre seu cotidiano docente e sua experiência com ferramentas midiáticas usadas na educação em especial o podcast. Ela que é a Líder no grupo mais importante sobre blogs educacionais.
Vale a pena conferir os blogs que ela participa, são uma fonte de inspiração para educadores que pensam sem tornar-se blogueiros educacionais
http://leituraescola.blogspot.
http://internetnaeducacao.
http://tecnologiasnaeducacao.
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Postado por Carolina Franco às 9:58 AM 0 comentários